Por Carlos Roberto Teixeira Netto
Sempre tive muitas dificuldades com esses rótulos e suas “definições”.
Meio que forçado acabei lendo um texto do Leonardo Boff, “Fé e Política: Suas Implicações”.
Mas, sabe que foi bom. Aprendi um pouco mais…
Veja bem, essas são definições do Boff com as quais tenho uma total discordância, mas ajudam-nos a mostrar com quem estamos lidando.
- de DIREITA (se querem manter inalterada a relação de forças que favorece os que estão no poder),
- de ESQUERDA (se visam mudanças estruturais para superar estruturas perversas que marginalizam as grandes maiorias) ou
- de CENTRO (os partidos que se equilibram entre a esquerda e a direita, procurando sempre vantagens para si e os grupos que representam).”
Em uma primeira e rápida visão, poderia dizer que estas definições caem no simples maniqueísmo. De um lado os mocinhos e de outro os bandidos, de um lado o bem e do outro o mal. Uma “pessoa de bem” teria que ser, sempre de ESQUERDA, não? Parece que os petistas veem o mundo assim.
Outra coisa interessante é que se aceitar, por um momento, essas definições vamos chegar a conclusão que é uma definição circunstancial, dinâmica. Ou seja, os petistas agora, no poder, passaram a ser “DIREITA” ! E os de oposição passaram a ser de “ESQUERDA”. Interessante, não?
Pensei em enquadrar, segundo esta definição do Boff, personalidades como Jesus, Gandhi, Luther King, mas também Hitler, Fidel, Stalin, etc. Alguns começam na “ESQUERDA”, vão para o centro e terminam na “DIREITA” (Hitler, Stalin), outros viveram e morreram na “ESQUERDA” (Jesus, Gandhi, Luther King).
Dois aspectos devem ser considerados aqui. De um lado o PODER e de outro a INJUSTIÇA SOCIAL.
Como forma de ver outros aspectos que podem estar em jogo nessas rotulações, seguem alguns testes interessantes (links):
- Political Test
- Political Compass
- IDRLabs Teste de Coordenadas Políticas
- 8 Values
- Teste do Perfil Ideológico – de direita ou de esquerda (Folha) – Acesso para Assinantes
- Diagrama de Nolan
Um bom artigo para quem quiser se aprofundar e pensar um pouco (fundamental para mudanças sustentáveis):
Link: Nem Esquerda, nem Direita
Uma rápida pincelada do Karnal sobre este reducionismo (o video anterior já não estava no link, então usei um outro link de um video mais recente):
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=mYz4_O1KkDk]
Outro vídeo do Pondé:
Amei o cartaz, mas muito mesmo, só não pode ecoar o “volver”. Acredito que não, pois são vícios que com certeza esses jovens não carregam.
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Há algum tempo, tive uma discussão semelhante com um sujeito no Facebook. Ele defendia exatamente a mesma opinião deste grande teólogo (sic). Esta “revelação”, que ele dizia trazer consigo como que vinda diretamente da boca de um Ppofeta e que supostaente iria encerrar todas as discussões inúteis a respeito do tema, encontrou hostilidade geral, tanto minha–que, atualmente, me considero de direita–, como de usuários de esquerda, o que gerou uma verdadeira etralhada de postagens contrárias a isso, todas, reforçando que não se trata somente de analisar posição relativa do indivíduo e relação à hierarquia de poder dentro de um contexto político e isolado; é, também, necessário, sim, analisar as raizes ideológicas e filosóficos que, no decorrer da história, acompanharam as duas cosmovisões políticas–ainda que, na prática, tenha havido, de fato, muitos casos em que tenham compartilhado, ou mesmo trocado uma série de características, citando, por exêmplo, o movimento ambientalista, atualmente uma das maiores bandeiras do movimento esquerdista internacional, se rastreado historicamente, encontra raizes fortes dentro de partigos declaramente direitistas.
Como, na época, este conceito me pareceu muito estranho, perguntei ao autor de onde ele havia tirado a ideia. Ele e indicou um livro de um filósofo italiano, cujo nome me escapa, mas o título não, chamado “Direita e Esquerda: A Importância de uma Distinção Polítoca”, que logo tratei de caçar na internet. Não foi muito difícil achá-lo, está disponível e PDF para quem quer que tenha interesse no assunto.
Após efetuar a leitura do livro, no entanto, tive uma cômica surpresa: aparentemente, o sujeito tinha algum problema cognitivo; na melhor das hipóteses, tudo não havia passado de um engano. A tese que o autor defendia era, na realidade, oposta a afirmada pelo autor da postagem e foi justamente ela quem motivou sua autoria, pois havia, na itália, um debate muito forte, onde alguns autores defendiam a ideia relativista de que as nomenclaturas são inúteis e outros afirando o contráro, embora sem chegar a um consenso a respeito do verdadeiro significado de ambas. O autor, então, contraria a suposta inutilidade das nomenclaturas, sem ignora a flexibilidade de ambos (inclusive, em determinado trecho, ele condena explicitamente quem diz que o conceito de que a esquerda, tradicionalmente, defende o interesse dos menos provilegiados, citando exêmplos históricos onde havia, dentro de um contexto político específico, a predominância de um aspecto ideológico e detrimento do outro). De uma coisa eu sei, ele provavelmente não conhece Leonardo Boff, pois se conhecesse, o teria citado na sua bibliografia (risos).
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